História da ocupação e formação da Vila Miguel Xavier
Antes da próxima postagem faz-se
necessário uma pequena introdução: em respeito aos nossos leitores que
escolheram a postagem futura, devemos uma explicação! É com uma honra
imensurável que recebi o pedido para ser postado nesse mísero blog, um
texto muito valioso para a história da nossa cidade e especialmente do
Distrito de Valença. Assim, amigo leitor, esse texto não pode ser
submetido à votação, ele tem que ser logo publicado e você terá mais
alguns dias para escolher o próximo texto. Isso vale para quem tiver um
texto que queira expor é só entrar em contato que teremos o maior
orgulho do mundo em posta-lo.
Muito obrigado pela compreensão!
Por Prof. Cristiano Gomes Lopes
Para
entender o processo de ocupação de que hoje e a Vila Miguel Xavier,
deve-se também fazer referencia a ocupação do Cariri com um todo, pois
foi a partir daí que a história começa a tomar rumo à formação dessa
Vila.
O processo de fixação humana no
Cariri inicia-se no final do século XVII com o ciclo do couro
intensificada as margens do Rio São Francisco e seus afluentes que
futuramente se transformaram nas sesmarias concedidas na época do
segundo império, os primeiros colonizadores brancos constam como tendo
sido formados por agentes da Casa da Torre (Bahia), seguidos de
pernambucanos e sergipanos, ocupando terras localizadas no Riacho dos
porcos (Brejo dos Santos), no extremo sul da Capitania. Muitos
alcançaram esse riacho e daí se bifurcando para o Jaguaribe, ou
penetrando nos terrenos férteis ao sopé do que seria a Chapada do
Araripe. Alguns vieram pelos caminhos do Riacho do Pajeú (Pernambuco) ou
o riacho da Brígida, afluente do São Francisco. No lado pernambucano,
surgem povoações, fundadas por capuchinhos (Exú), em 1705, tendo apenas a
serra do Araripe de permeio, a separá-la do lado cearense, no local
onde se fundou a missão do Miranda que, depois, quando vila, recebeu o
nome de Crato. Foram criadores, que atravessaram ínvios sertões em busca
de pastagem para o gado, e com a ânsia de disseminar a criação,
pioneiros da colonização caririense. Essa descida terá ocorrido por
volta das décadas finais do Século XVII, época em que se registra a
presença do colonizador branco nas terras até então ocupados somente
pela raça nativa.
Na primeira
década do Século XVIII ou, precisamente. Nos anos de 1702/1704, tem-se
como primeiro cessionário de terras no Cariri o sesmeiro rio-grandense
(Norte), Manuel Rodrigues Ayrosa. Sua posse situava-se na gleba São
José, no vale denominado de Lagoa do Ayrosa, entre as cidades que
posteriormente se denominariam de Crato e Juazeiro (Sítio São José)
Em
períodos seguintes, porém quase simultaneamente, chegam à região outros
desbravadores dos quais se destacam o Coronel Antônio Mendes Lobato e
Gil de Miranda, que muito viriam contribuir em prol dos avanços da
colonização. A partir de 1714, quando os investidores pernambucanos e
baianos iniciam suas descidas, formando contingentes mais numerosos, o
imenso Vale do Cariri passa por sucessivas divisões, em povoamento
rápido e altamente produtivo.
Onde
a colonização dessa religião se deu com a criação de gado e o cultivo
da cana de açúcar e um principio de mineração e a exploração e dizimação
dos nativos (índios Kariris) onde hoje são os municípios de missão
Velha, Crato e Barbalha.
Foi
justamente em busca de terras para explorar que por volta de 1830 se
instalaram no sítio Salamanca (hoje Barbalha) vários portugueses e seus
descendentes, entre eles Miguel Henrique Xavier de Oliveira e um irmão
de nome não apurado nessa pesquisa, onde os mesmos estavam tentando
adquirir sesmarias doadas pelo Império. Sem obter muito êxito na
aquisição da Sesmaria desejada, o senhor Miguel Henrique Xavier de
Oliveira deixou seu irmão no sítio Salamanca e veio com a esposa e
alguns escravos tomar posse de uma grande propriedade de terras situada
as margens do rio Jenipapeiro cerca de 50 km de sua antiga morada.
Nessa
propriedade, Miguel Xavier tratou de criar gado e cultivar mandioca e
cana de açúcar, prosperando e se tornando figura importante nessa época,
pois, conquistou o título de Deputado Provincial sendo eleito em 1842
atuando na Vila Real do Crato.
Durante
o período da Guerra do Paraguai (1964 a 1870) a província do Ceará
mandou para o combate quase dez mil homens sem nenhuma experiência
militar para o confronto, e para fugir do recrutamento muitos sertanejos
procuravam proteção a Miguel Xavier que lhes dava comida e abrigo em
troca de seus serviços, desenvolvendo uma espécie de servidão, pois
esses trabalhadores não eram remunerados e desempenhavam o papel de
servos construindo açudes, casas e rústicas estrada. Assim dezenas de
pessoas recebiam proteção em troca de sua servidão, pois mesmo estando
no período escravista, os protegidos de Miguel Xavier não eram escravos,
se tratando de brancos e mestiços.
Acabada
a Guerra do Paraguai, D. Pedro II cria a Guarda Nacional surgindo os
Coronéis do sertão, mas um fato curioso foi o de Miguel Xavier passar a
ser chamado de Major ao invés de Coronel.
Por
ter conhecimento de topografia. O “Major” Miguel deu o nome de sua
propriedade de Sítio Caatinga redonda, devido a sua vegetação e por
existirem dois riachos (riacho da caatinga redonda e riacho do pia) que
nasciam em um mesmo ponto e faziam seus trajetos até desaguarem no mesmo
rio (Jenipapeiro), sendo esse trajeto arredondado.
Por
volta de 1875, o Sítio Caatinga redonda contava com uma “casa grande”,
uma capela, um cemitério e algumas taperas de barro onde moravam os
escravos e agregados do Major Miguel, pois não havia senzala.
Com
o trabalho dos escravos e dos homens abrigados pelo major, a Caatinga
Redonda começa a se transformar em um pequeno povoado e perdendo as
características de fazenda e tomando forma de um embrião urbano, sendo
que sua economia baseava-se agora no cultivo de algodão e na agricultura
de subsistência existindo nesse período uma casa comercial (bodega),
uma casa de farinha e um engenho localizado no que hoje é conhecido co
Sítio Saco que na época era incorporado as terras do Major.
Devido
os vários caminhos abertos pelos braços dos negros e agregados do
Major, a Caatinga redonda era passagem e alternativa para quem vinha do
Sitio da Venda (Futura Aurora) e Missão Velha e ia para São Pedro do
Crato (Caririaçu) e o Crato.
Depois
de se chamar a Caatinga redonda, em 1935 veio para o povoamento o
vigário de São Pedro do Crato (Caririaçu) chamado Padre Chagas que,
encontrou na localidade a casa grande (abandonada), a capela em total
abandono junto ao cemitério que a circulava , tendo como moradores as
famílias Eugênio, Batista e Gomes, uma vês que outra família como
moradores morreram com a cólera, varíola e a fome e outras abandonaram o
povoado para morar em Juazeiro.
Com
muito trabalho o padre Chagas conseguiu fazer vários melhoramentos no
povoado que passou a ter como padroeiro São Vicente Ferrer modificando o
nome do povoado para Valença em homenagem ao santo, sendo que essa
denominação não foi legalizada.
Nesse
período aconteceram às missões por frei Damião que atraia gente de
todas as localidades vizinhas e aos poucos a Valença tornava-se um lugar
de muita oração com a fundação da confraria de São Vicente e as
irmandades de Maria Nossa Senhora do Carmo.
A
partir daí o povoado volta a prosperar com a vinda de outras famílias
com o intuito de fixar residência. Nesse período a capela foi derrubada e
erguida uma nova igreja (Igreja de São Vicente Ferrer) construída em
cima do antigo cemitério que deu espaço para a praça que leva o nome do
padre Cícero e o cemitério foi erguido próximo ao vilarejo, que nesse
período já existia duas ruas.
Em
1951 através da lei 243/51 o povoado de Valença passa a categoria de
vila e passa a se chamar Vila Miguel Xavier sediando o distrito que
também levaria o mesmo nome, fato esse que homenagearia o fundador do
povoamento mas, não agradaria a toda população da nova vila , pois muita
gente ainda acredita na lenda do “Cão da Valença” que supostamente
seria finado o Major Miguel, fato esse que deve ser esclarecido, uma vês
que o major foi uma figura marcante na história local do povoado, e o
conhecimento de sua biografia podem livrá-lo desse rótulo tão
pejorativo.
Pela
lei estadual nª 6511, de 05 de setembro de 1963, o Distrito de Miguel
Xavier é desmembrado do Município de Caririaçu, sendo elevado a
categoria de Munícipio, porem a lei estadual nª 8339, de 14 de dezembro
de 1965 reintegra o distrito de Miguel Xavier ao Município de Caririaçu.
Muitos outros fatos permeiam a História da Vila Miguel Xavier, Fatos esses que serão mostrados futuramente em outras postagens.
Extraído integralmente do blog: http://loucoporhistorialocal.blogspot.com/
Extraído integralmente do blog: http://loucoporhistorialocal.blogspot.com/
Lucky Club Casino Site 2021 - Online Gaming and Gambling
ResponderExcluirLucky Club Casino is a new online luckyclub.live casino site powered by Lucky Entertainment, who pioneered the use of software and software. The site has a strong